A criatura que aterrisa no balcão da pia
é uma coisinha de cêra rosada e transparente.
Os olhos bolas pretas, esbugalhados.
Os dedos estirados agarrando o mármore,
o corpo tenso e inerte. Alerta.
A tua fragilidade e a tua pequenez
me comovem até o útero.
Mesmo assim (ou talvez, por isso mesmo)
você não cabe na minha vida.
Eu ofereço uma ponta de revista,
carona de volta à varanda.
Ela dispara parede acima, rumo a cantos escuros,
becos sem saída.
Sinto uma pontada quente de remorso.
Nalgum instante da vida fomos todos assim,
fetos espantados
apostando na tensão de superfície.
2 comentários:
E aí alguns mergulharam nas imagens que flutuavam ao seu redor por que não sabiam respirar o ar e viraram poetas...
É bom observar estes mergulhos aqui da praia.
Praia! Que saudades da praia e das lagartixas no meu banheiro sempre ensaunado no Rio. Aqui em NY esta nevando e de neve lagarto nao gosta. Ou, se gosta, nao diz e se esconde de vez. E so sai aa noite. Da tres voltas em torno da minha cama, e se esconde de novo.
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