segunda-feira, 30 de maio de 2011

Poesia reciclada (recycled poetry)

Alguns versos nascem das entrelinhas entre uma língua e outra.

ovo (versão 2.0)

ovo ermo
estala chora

chora morna
pura clara

clara corre
corre mole

demarrama
escorre
desliza

        morre.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

From the mouths of babes
Out of the mottled nightsky
Into the paper-grain
Words want to be born.

Over the steaming forest
Tales demand their telling.
Snippets of songs - and beats -
Bubble up through the sea-foam:
 pop! pop!
On the flatscreen dots
Dance impatiently their
Pixillated minuets. All await.

What do they say?
Hear me out! Spill me forth.
Words want to be born. And

It's just impossible
Not to write.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Fuga (2007)

A criatura que aterrisa no balcão da pia
é uma coisinha de cêra rosada e transparente.
Os olhos bolas pretas, esbugalhados.
Os dedos estirados agarrando o mármore,
o corpo tenso e inerte. Alerta.

A tua fragilidade e a tua pequenez
me comovem até o útero.
Mesmo assim (ou talvez, por isso mesmo)
você não cabe na minha vida.

Eu ofereço uma ponta de revista,
carona de volta à varanda.
Ela dispara parede acima, rumo a cantos escuros,
becos sem saída.

Sinto uma pontada quente de remorso.
Nalgum instante da vida fomos todos assim,
fetos espantados
apostando na tensão de superfície.

domingo, 8 de maio de 2011

Dois poemas sobre o tempo

I.
Lá de onde eu vim
O tempo faz hoje de mim
Forasteira.


1997


II.
Voltando para casa
Achando-me de fora
Me disse a mesma casa:
-- Nunca foste embora.


2011