sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Jóia

(para Tia Lucinha)

Talha-se do metal
um brevelíneo poema.
Um haicai
que se enrosca
no dedo.
Um par de rimas
que brincam de brincos.
Um soneto feito círculo que se lacra em filigree:
uma gargantilha, um colar de voltas.

O ouro, editado a marteladas
e ternamente polido
vai cedendo as suas metáforas.
Gemas devolvem brilhos—
tal qual sílabas, lapidadas.

Jóias, como versos,
varam tempos e universos—
Atravessam oceanos, emendam gerações.
Fundam impérios, parem nações.

No fundo eu e você
compartilhamos um único ofício,
prólogo da alquimia:

a poesia,
e sua prima ferramenteira,
a ourivesaria.


Um comentário:

Luiz Alberto Machado disse...

Parabens pelo belíssimo e excelente espaço. Muito bom. Estarei indicando em minhas páginas.
Beijabrações
www.luizalbertomachado.com.br