O cinza-chumbo se retorce e racha,
a água se faz em corda e despenca.
O barro sorve a água, se transfigura
em lodo. Terra se desprende de pedra
que no lodo desliza e se soterra.
Mata, casas, filhos debruçados no morro
vislumbram penhascos onde antes não havia.
Barrancos grunhem, vomitam, se reviram.
Uma língua pesada de barro
desce a encosta e se deita na estrada.
Ao pé da serra, impermeabilizados
nós que antes encontrávamos alívio
nas chuvas de verão hoje quando
o batuque nas telhas dispara
nos calamos sabendo que na serra
mata, casas, filhos
se desprendem se deslizam se enterram.
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