quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Cidade


Um ventre estriado de tão prenhe
treme, gemendo se parte.

A terra páre antenas, caixas d’água.

Prédios despontam do lodo, sobem
ao teto do mundo.

E logo, tudo aquilo que se faz chão:
calçadas, ruas, poças, praças.

Das fendas do concreto brotam sedentas
as coisas monossilábicas e atentas:
pombas e ratos, traças e traças.

E tudo, na ponta dos pés,
agüarda.


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