sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Simetria



Ela optou por julho.
Ele esperou até agosto.

Ela se foi
catando atenções, até que
escapuliu, serelepe.
No hospital eu e a Dinda
passávamos vaselina nos seus lábios,
dizíamos que estava bonitinha.
Ela sorria,
e morria mais um pouco.

Ele partiu como viveu:
sem querer dar trabalho.

Cheguei a vê-la na capela,
mortinha da silva.
Ajeitei a sua gola e
olhei pela janela quando fecharam
o lacre.

Passei aquela noite
ao lado dele.
Por isso sei:
foi a assimetria
que ele não agüentou.
O criado-mudo sem par.

Quando eu voltar em dezembro
vou me deitar no meio da cama.
Pra estudar
esse novo equilíbrio.

Nenhum comentário: