sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Desvios



De dia, já não te contemplo mais.
Navego ruas que foram nossas
como se agora fossem só minhas,
as calçadas lavadas de lembranças,
a neutralidade das coisas
a duras penas recomposta.
Mas, noturno e oportunista,
infiltras meus sonhos
com vestígios de ternura--
sonhos que, ao me despertar,
se fazem pesadelos
pela força de sua ficção.

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