domingo, 31 de dezembro de 2006

O alfarrabista



No sebo, livro vendido renasce em mãos alheias.
Páginas manuseadas – ensebadas –
recumprem a sua função.
Do seu canto empoeirado,
os óculos empoleirados na ponta do nariz
(ave de rapina prestes a mergulhar),
o alfarrabista examina cada um
calcula quantas vidas já viveu
e quantas outras ainda lhe restam.
Assim faz com cada livro que lhe chega
e cada alma que o entrega.


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