quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Aproximação aérea do Rio de Janeiro



Uma visão pequena e redonda:
a mata fechada deitada na serra.
Lânguidas nuvens se debruçam sobre rochedos,
se enrolam e desenrolam
entre os joelhos das montanhas.
Repentista, a cidade se revela com alarde.
Primeiro, aninhada em vales.
Mais adiante, devorando seus próprios morros
como se topografia fosse mera piada.
Apegada à superfície do planeta feito uma crosta
que alcança fundo: de aqui de cima
juro que as raízes desta cidade
tocam o caroço do mundo.
A cidade abraça a baía e
esparrama-se norte e sul.
Até que, quase de estalo,
interrompe-se na orla—
fita branca e limpa
que estanca a hemorragia urbana
como quem comanda: “Pára!”
e abre alas pro azul.


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