segunda-feira, 19 de março de 2007
Você era
Frágil demais
Para este reino.
Flor-de-ipê.
Pele de pergaminho
Num mundo de dermes
Feito escudos de pinha,
Couros escamados,
Bicos de rapina.
Açucarada onde corre ácida
Uma seiva antiga
E fatigada.
Então, sei que
Você não nasceu
Pra durar.
Até os jornais te machucavam.
A gente recortava as manchetes mas
Você vislumbrava os vazios
E deduzia tudo.
Ou: adivinhava tudo.
Ou: extrapolava tudo.
E logo te brotavam
Os hematomas
Nos flancos da alma. E
Todos os curativos
Se esfacelavam.
E de cada ferida
Despontava uma arara triste.
E ninguém -- nem eu
Nem meus reis nem meus vizires
Nem meus magos nem meus faquires--
Ninguém
Soube te segurar.
Rio de Janeiro, março de 2007
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3 comentários:
... e eu
te polvilho.
(ácida-a-doçura
de escorrer
livre
ó flor-de-ipê...)
subscrevo o que por engano apareceu com outro nome em cima.. luci = un dress...
sorry
os hematomas nos flancos da alma...
genial. como sempre.
nan
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