sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Descaminho



Repare bem, que esta
E a ultima parada deste trem.
Aqui travam-se as rodas;
Dissipa-se a fumaca num gordo suspiro,
E cessa o canto sofrego da maquinaria.
A fornalha exhausta cospe uma faisca,
Se apaga, e
Se enfria.

Note bem:
Nao ha mais passageiros neste trem.
No forro dos bancos reluz
O inchaco mudo do abandono.
Apagaram-se os dedos nervosos
Do padeiro atrasado; a sandalia do menino
Que prendeu o dedo na janela; as pregas da
Saia da menina assanhada.

Mais alem, trilhos virgens furam a noite.
Mas este trem fica por aqui,
Travado no nunca,
Em meio-caminho.

3 comentários:

un dress disse...

o gordíssimo suspiro

dum destino adiado


.................



abraÇo

Anônimo disse...

Um poema que me dá agonia como algo encravado na carne. beijocas!

J.R. Lima disse...

O porvir que nunca chega
e o que passou já não é mais.
Agora é lugar nenhum

Há uma angústia no tempo.