quinta-feira, 24 de maio de 2007

Aproximação noturna da África



Tulipa incandescente,
A tua luz sibilante
Me roça a derme.
E desperta em mim
Séculos de paixões intercaladas
Com estranhas dormências. E
Minhas extremidades começam
A formigar.

E um linho branco e transparente
Estende-se sobre o continente.
Por debaixo, coisas aflitas se debatem.
Suspiros de papiros.
Solfejos de percevejos e por toda parte,
Trovoadas e lampejos.

Meu ventre vive inchado
De água feito um baobab.
Por não saber abraçar o deserto
Eu arranho o céu.

Você me fincou raízes por entre costelas
E abriu no meu tórax uma boca
De janela.

E por entre os seus dentes
O que eu enxergo é
A África.

Um comentário:

un dress disse...

reli. pela décima vez...


que.dói...