Amarrada à poltrona
No ventre da ave de cobre
Eu me faço lastro
De trajetórias alheias.
Eu me deixo lançar pelo espaço
Num arco semi-controlado.
Eu cedo cada gota de controle
Sobre cada átomo do meu ser.
Eu permito que façam de mim projétil,
Eu permito que façam de mim
Carga, arma, míssil seguidouro.
Eu sou aquela pedra
No estilingue que furou o olho de alguém.
Dizem que um deus vê tudo ao redor.
Ora eu vejo
Um deus desenfaixar as mãos calejadas
Segurar o pássaro pela barriga
E comandar: vai, por enquanto vai.
5 comentários:
ora eu vejo:
um deus que se espreguiça
e vai
confundindo
despreocupadamente
os fios...
bOm.dia.lavinia :)
esse... quase conto, essa sua narrativa poética nesse teu tom que eu tanto amo... você me deixa suspensa!
falta-me tanto o tempo, agora, para tanta coisa que era uso ter...
...mas estou sempre aqui.
Ora, eu vejo.
Bjo
:)
Fascinante, sobretudo pela imagem extremamente elaborada dos últimos três versos. Parabéns.
Os marginais estão atentos e felizes por ter conhecido este lado da palavra.
www.margemdarte.blogspot.com
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