domingo, 19 de novembro de 2006


Como trocar as cordas de um violão



Com ternura: puxar a ponta
Da sobra da corda
Pelo orifício da cravelha.
Girar, girar, girar
Até que a corda ceda.
Então, com dedos calejados
Desamarrá-la do rastilho.
Chamá-lo assim:
Meu doce alaúde,
Minha violinha caipira.

Pensar no amado.

Com raiva: arrancar cada corda
De um só estirão.
Sentir o corte do náilon
Na palma da mão.
A corda estala,
As cravelhas saltam,
O rastilho estoura,
O braço se parte,
Madeira e verniz
Rasgando de dor.
Algo há de ceder: o violão
Ou você.

4 comentários:

Anônimo disse...

Demais seu texto... diz tudo!
Bjs
rita

Ricardo disse...

Putz... sem palavras, só uma dor.

Borges Construtor de Violas e Violões disse...

Muito bom mesmo, parabéns! Sou luthier e gostaria de publicá-lo no meu blog! Aguardo autorização.

Eduardo Vilar disse...

muito bom!
tive sorte de poder ter encontrado um poema desses numa internet tão grande
beijos