sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Coffeeshop
O casal ao lado discute os termos do divórcio.
Dois pares de pernas desencontrados. Ela prossegue
com tom de executiva. Ele se queixa,
manhoso. Diz que a vida assim está:
intransitável. Ela pede que ele assine
aqui, aqui e aqui.
Uma neve ligeira paira,
hesita sobre a rua, logo
se resolve e polvilha o cinza.
As costuras da calçada vão sumindo.
Coisas etéreas pousando num mar de concreto,
abafando as miudezas da vida.
Daqui vejo que a cidade na verdade é três:
a primeira, horizontal, das calçadas,
das praças e dos divórcios.
A segunda, vertical, dos arranha-céus
e dos cânions de ar que se alojam entre os prédios.
E a última, horizontal, das coberturas e
terraços,cada um sob sua caixa d’água,
sentinela gorda em tripé com chapéu chinês.
Eu pairo sobre meu livro entreaberto,
e revoluções me eludem.
Para compreensão geral do mundo, assine
aqui, aqui e aqui.
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2 comentários:
gostei do som do "Uma neve ligeira paira" e tambem do "arranha-céus e dos cânions de ar" e "sob sua caixa d’água". a minha oreja e fina e o meu comprensao e ruim. pra entender o sentido corecto, assine aqui, aqui e aqui.
Hm, dreamer, acho que nao tem sentido correto. Ou se tiver, nao sei qual sera.
Um poema nao tem muitas janelas abertas? Portas, portoes, portinholas, porteiros, portos, porcarias tambem?
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