quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vocação

Vocação: ir embora.
Pintei mapas nas solas dos pés
Fiz da ponta da língua
O meu compasso.
E do batuque do trem
Meu marcapasso.
Andarilha, só sei andar.
Bom filho à casa torna. Já eu
Nasci pra errar.



2007

Agora no Facebook

Caros curiosos:

O Palavrogramas agora tem página no Facebook-- clicar aqui para acessar.
Estou pensando em me mudar.
Nada mais a divulgar.

Abs

Lavínia

terça-feira, 26 de abril de 2011

Metacarpo, metatarso

Metacarpo, metatarso
Medram por entre falanges
Coisas doídas distantes
Que se arrastam
Perambulantes
(Que arrasam)

Dores errantes.

Dos meus ventrículos
(Reles
Latejantes
Prostíbulos)

Ela me perfura

Membranas:

Ai! A minha
Raiva!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

No aniversário do Descobrimento


Coroam este céu de noite
Outrora tão sereno

Cinqüenta margaridas de pólvora.
Ai esquecimento, ai límpido veneno--

Quanta flor plantada
Em tumba errada.



1997

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Poema para o pé: O curta

A leitora Carol Matos usou o poema infantil "Poema para o pé" (de 2006) no curta Avenida Passo a Passo, gravado para a oficina de vídeo da Mostra do Filme Livre 2011, no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro:

http://www.youtube.com/watch?v=ZOdcCqa30bg

Argumento e câmera principal: Carol Matos. Coordenação: Christian Caselli. Monitoria: Mariana Bley e Pablo Pablo.

Poema para o pé
(poema infantil)

Declamo o pé,
meu nobre pé,
conhecido apenas
pelo seu chulé,
mas que tem
muitas virtudes:
sobre tudo me carrega
pra lá e pra cá
sem nem muito
se queixar.

Quem é o pé?
Ora bolas, o pé
é nada menos que
a mão da perna.
Ou será que a mão
é que é o pé do braço?
Enfim, é o pé
que me acode
na hora de andar,
de pedalar,
de correr,
de pular,
de dançar.

E é em homenagem ao
humilde pé
que temos:
o arrasta-pé,
o pé-de-moleque,
o "ao pé da letra."

Proponho o
Dia Nacional do Pé.

E a mão?
Só se for pra
plantar bananeira.
E plantar bananeira com os pés?
Isso é chamado: “Ficar de pé.”

Como preservar um poema (para F. Talal)



Pegue o poema morto
Na palma da mão
Feito um passarinho

Pequeno
E delicado
Tenha cuidado
Tenha muito cuidado

As sílabas se soltam e
caem
Escorregam por entre os dedos
Estilhaçam no chão feito
Ossinhos
De
Porcelana

Abra bem a boca. Abra mais.
Deite o poema sobre a língua
Sem morder nem pensar num só movimento
Engula.
Tece rede tênue
(Véu boçal!)
Esse Teu deus
Incandescente,
Des-
Comunal.

Desfia essa malha
Falha,
Manta-mortalha
Que te cala te rende
Te prende,

E faz do Ar

Teu pedestal.